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Acompanhe e reveja todas as iniciativas desenvolvidas pela Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Economistas.

O Observatório aborda a questão da dependência dos subsídios, bem como as soluções para a falta de mão-de-obra na Região.
1 - A dependência de subsídios penaliza na hora de aceitar trabalho?
2 - Como podemos reverter a falta de mão-de-obra, na Região, em diversas áreas (por ex. hotelaria)?
A falta de mão-de-obra em algumas áreas é conhecida.
A dependência de subsídios também é um tema abordado cada vez mais, com a multiplicação de ajudas e apoios através da própria Segurança Social, como o rendimento social de inserção, as ajudas das Casas do Povo ou outras instituições que apoiam cada vez mais quem precisa.
Podem os subsídios penalizar na procura de emprego? Como pode ser revertida a falta de mão-de-obra? O Observatório desta semana de-bruça-se sobre este assunto.
Paulo Pereira, presidente da Ordem dos Economistas da Madeira, acredita que os subsídios podem “criar consequências indesejadas”.
Já Fátima Aveiro, presidente do Banco Alimentar da Madeira, afirma que a recusa de trabalho pode ter “motivações diversas e complexas”.
A solução para reverter a falta de mão-de-obra pode ser, segundo os inquiridos, a oferta de condições de trabalho “mais atractivas”, mas também atrair imigrantes.
FÁTIMA AVEIRO - PRESIDENTE DO BANCO ALIMENTAR DA MADEIRA
1 A recusa de trabalho tem motivações diversas e complexas, para além de que não dispomos de indicadores que asseverem essa correlação.Os subsídios e os apoios sociais são temporários e em geral de montantes de baixo valor, pelo que um cidadão/família não consegue, através destes, erguer e manter uma vida condigna. Todo o ser humano precisa de trabalho para garantir a sua estabilidade financeira, realização e bem-estar e de contribuir para o crescimento e evolução da sociedade.
Aqueles que recorrem aos apoios, para além do embaraço e vergonha, tudo fazem para rapidamente retomarem as suas vidas, nem sempre tão depressa como desejariam. Sujeitam-se a expor a sua vida e ao escrutínio dos critérios legais rigorosos para poderem aceder aos mesmos, em nome da transparência, justiça e equidade, que enforma o Sistema de Solidariedade Social. A par da prestação pecuniária, no caso do RSI, há planos de inserçãoe obrigações contratualizadas e em situações de incumprimento estão previstas medidas correctivas que podem levar à suspensão/exclusão dos apoios.
Ainda, nas situações em que a continuidade do apoio se justifica, é sempre no âmbito de um quadro de recuperação que se prevê, breve ou mais longo, tendo em conta as particularidades de cada caso e a existência, na comunidade, dos meios e recursos que lhes permitam ser autores e protagonistas das suas vidas.
2 A reconversão da mão-de-obra pode ser uma das soluções, porém o tempo de formação que a mesma implica, não se coaduna com as necessidades de curto prazo. A oferta de condições laborais mais atractivas terá impacto na procura. O recurso à imigração poderá ser outra possibilidade, devendo simultaneamente ser garantido o acesso a soluções de habitação e de transportes aéreos compatíveis, dado o seu elevado custo actual.
PAULO PEREIRA- PRESIDENTE DA ORDEM DOS ECONOMISTAS DA MADEIRA
1 Todas as intervenções artificiais no mercado criam sempre distorções inesperadas apesar de todas as boas intenções iniciais certamente tidas. Os subsídios no mercado de trabalho obviamente que caem nessa situação de criarem consequências indesejadas. Friamente, pagar para alguém que não está a trabalhar cria desincentivos (naturais e legítimos) às pessoas nessa situação para que procurem mais activamente um trabalho de remuneração média baixa e que se adaptem/ adequem o mais rápido possível aos postos de trabalho que estão a ser oferecidos. Subsídios e impostos são exemplos de distorções económicas ao funcionamento do mercado e têm sempre consequênciasconsequências indesejadas, que levam a nova vaga de incentivos pelos governos, que criam novas ondas de distorções económicas. Curioso na actual situação é que esta evidência económica, se numa primeira fase estava a ser sentida no terreno e reclamada pelas empresas e empregadores, já é também assumida pelas próprias associações de trabalhadores.
2 A solução ideal seria conseguir o regresso de emigrantes madeirenses que têm saído da Região em busca legítima de melhores oportunidades e estancar novas saídas. Mas como as causas dessas saídas não foram/não estão a ser colmatadas (poucas perspectivas decarreira de longo prazo, salários relativamente baixos, fiscalidade elevada, distância face a centros de formação e de oportunidades de maior relevo, etc.), parece-me que a solução passará por atrair imigrantes de outras origens, que naturalmente serão de regiões e com características de competitividade/ qualidade laboral inferiores às que a Região tem perdido - senão eles próprios iriam para os destinos que os madeirenses estão a ir. Assim, além do desafio de conseguir mão-de-obra em condições de beneficiar o nosso sistema socioeconómico no imediato (e não vir apenas para beneficiar do mesmo), existem muitos desafios que passam por garantir agilidade burocrática, competitividade salarial, formação rápida e adequada, alojamento condigno, integração familiar, transporte para e dentro da RAM, entre outros. A qualidade do destino no que a serviço diz respeito dificilmente não sofrerá uma deterioração de genuinidade e qualidade. Pode ainda, e sem cair em contradição com o dito anteriormente, vir a acontecer que, simultaneamente com as limitações de gastos que os governos terão com as polícias de combate à inflação nos próximos anos, surjam novas oportunidades no sector privado que possam atrair trabalhadores do sector público, que a par da emigração é outro sorvedouro de recursos humanos locais disponíveis.

Ver artigo DN030722

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