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O mês de Fevereiro fechou com o desemprego a atingir um total de 21.330 pessoas na Madeira, ou seja, um aumento de 30,4% em relação a Fevereiro de 2020. Apesar destes números serem esperados no contexto em que nos encontramos, o presidente da Ordem dos Economistas, Paulo Pereira, alerta que “ainda pecam por defeito”. Desde Dezembro de 2016, quando a Região registava 20.293 desempregados, que esta a lista não era tão longa na Madeira.
A dura expectativa é que o desemprego se mantenha e chegue a mais trabalhadores na Região ao longo do ano. O economista explica: [Os números] piorarão nos próximos meses e quanto mais perdurarem os confinamentos e restrições decretadas à atividade económica, maiores serão. O PIB da Região teve uma quebra assombrosa em 2020 e esse ano teve um bom primeiro trimestre, que este não está a ter”. Ou seja “o impacto crescente no desemprego
causado pela degradação económica é, portanto, normal e expectável”, o que não implica, sublinha Paulo Pereira, que “não seja grave, preocupante e revoltante”. E as dificuldades
atuais podem ficar ainda mais negras: “Pode ganhar contornos dramáticos na RAM pela dificuldade previsível do tecido empresarial e de empreendedores em conseguir ter capacidade para ‘re-arrancar’ quando passarem os tais ’15 dias necessários para achatar a curva’”.
Os números lançados ontem pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) e depois pelo Instituto do Emprego da Madeira (IEM), mostram que em Fevereiro passado, as mulheres foram as mais afetadas, com 10.907 desempregadas, contra 9.424 desempregados.
Paulo Pereira é pragmático, afasta a ideia de discussões sexistas e explica o que está em causa: “Não vale a pena vir com argumentos progressistas alimentadores de discussões sexistas tão na moda mas completamente espúrias, pois há, como quase sempre que se quer procurar, uma explicação objetiva e racional para o facto e que não passa por uma ‘perseguição’ dos empregadores às trabalhadoras do sexo feminino”.
Como o facto de o sector do turismo ser significativo na atividade económica regional, sector esse em que, refere, “o peso do número de trabalhadores de ambos os sexos é mais próximo do que estes têm na população, porventura até com mais mulheres que homens”. Daí que, acredita o economista, “com o ataque que o sector sofreu com os confinamentos e restrições decretados à sua atividade, que culminaram na inevitável necessidade das empresas em fechar ou em reduzir pessoal, sente-se mais o peso relativo do sexo feminino no crescimento do desemprego”. Aliás, acrescenta o especialista, “se a crise fosse, por exemplo, sentida noutro importante sector da economia regional, o da construção (que não foi afetado pelos confinamentos decretados) seria arrasador o crescimento de desempregados [do género] masculino, pois o peso relativo das mulheres no mesmo é muito baixo…”.
A crise é oportunidade…para alguns
A ideia de que as crises económicas podem ser potenciadoras de negócios e de criação de emprego, por vezes do próprio, continua a ser verdadeira. Mas a pergunta mantêm-se: para quem?
Foi mesmo esta a questão que o MAIS DIÁRIO também colocou ao presidente da Ordem dos Economistas na Madeira e Paulo Pereia é imperativo: “A máxima mantém-se válida e é sempre para quem tem dinheiro (capital) disponível, pois uma crise é por definição falta generalizada de dinheiro, logo, ‘em terra de cego, quem tem um olho é rei’. Depois, antevê o economista, “quando voltar a haver mais dinheiro a circular, quer por via de mais gastos públicos (originados por mais dívida e fundos europeus), quer de subsídios ou de novo crédito bancário
aos privados, mais pessoas terão recursos para investir, pelo que oportunidades a bons preços serão mais raras, pois haverão mais agentes atentos a elas e agora com mais recursos para as ‘atacar’”.
O certo é na fase em que nos encontramos, “as oportunidades passarão por aquisição de ‘activos em dificuldades’. E Paulo Pereira vê o copo meio cheio: “Não é um oportunismo maléfico dos interessados, mas sim a oportunidade para quem precisa de vender por causa das situações de dificuldade económica que os confinamentos decretados causam, encontrar um comprador que lhe resolva, atenue, o problema”.
O que também é verdade é que não há muitos compradores, ao contrário de vendedores, pelo que “os preços caem até haver um equilíbrio”. Acrescenta o presidente da Ordem dos Economistas: “Uma sociedade com falta de capital acumulado e endividada como a nossa, sujeita-se a que hajam nesta situação muitos agentes sem capacidade para aguentar activos (empresas, imóveis, carros, etc.). Pior será se não houverem compradores: aí os preços caem continuadamente, os activos degradam-se e os vendedores não vêm os seus problemas resolvidos/ atenuados”.
Artigo DN230321

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