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[Eu detesto ser previsível, mas era mais ou menos inevitável escrever sobre a actual conjuntura, com especial referência ao PEC.]
 
Não é por o Verão estar aí à porta (é mais por estar a União Europeia e o FMI), mas o Estado precisa de emagrecer. Disse-o o ex-Ministro das Finanças, Eduardo Catroga. Ouvi-o há uns dias, numa iniciativa conjunta da ACEGE e da nossa Delegação. Ouvi-o e concordei com ele: o Estado precisa de emagrecer. Não para poder usar bikini na próxima estação, mas por um imperativo de vida saudável. 
 
Os portugueses, entre as muitas características que lhes são atribuídas, têm um talento especial para anedotizar. E assim, PEC foi facilmente convertido na sigla de muitas outras coisas que não “plano de estabilidade e convergência”. Os mais circunspectos criticaram-no por atender somente à estabilidade, descurando o crescimento. Eu não vou comentar tais comentários, mas vou referir que estabilidade e crescimento não estão em campos opostos da batalha; não há que valorizar um em detrimento do outro. Pelo contrário. Optar por um estilo de vida saudável levar-me-á certamente a estar em forma e não ostentar gordurinhas supérfluas. No entanto, se decidir fazer uma dieta radical, que me ponha com as medidas certas para o tempo mais quente em poucos dias, vou provavelmente prejudicar a minha saúde. E, embora possa estar pronta para um fato-de-banho sem complexos, quando as folhas começarem a cair das árvores, os quilos extra regressarão. 
 
Portugal não precisa, pois, de mais uma dieta yo-yo. Necessita de uma dieta hipocalórica, mas equilibrada, e muito exercício físico (não, não me estou a referir ao jogging matinal do Primeiro-Ministro). O que, abandonando a metáfora, significa fazer as reformas necessárias – e eu sugiro, suspeitosamente, que se comece pela Educação – a uma economia competitiva, onde o Estado está menos presente e sorve menos recursos, mas emprega melhor aqueles que se atribui. Crescendo sustentadamente, seremos financeiramente estáveis. Eu continuarei sem dizer se acho que o PEC que nos foi apresentado responde a este desafio. Mas afirmo que acabar uma sessão de drenagem linfática e ir comer um pastel de nata não é lá grande ideia.
 
Por: Vera Barros 
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